sexta-feira, 16 de março de 2012

DOUTRINA DA SALVAÇÃO



Por: Jânio Santos de Oliveira
Presbítero e professor de teologia da Igreja Assembléia de Deus Taquara - Duque de Caxias- Rio de Janeiro
Jsoliveiraconstrucoes.wordpress.com


Salvação é palavra de profundo significado e de infinito alcance. Muitos têm uma concepção muito pobre da inefável salvação consumada por Jesus, o que às vezes reflecte uma vida espiritual descuidada e negligente, onde falta aquele amor ardente e total por Jesus, e a busca constante de sua comunhão.

Em Efésios 6, quando o apóstolo discorre sobre a armadura de combate do soldado cristão, fala do capacete da salvação (v.17). O capacete cobria totalmente a cabeça, protegendo-a. Isso fala da plenitude do conhecimento e da experiência da salvação.

Salvação não significa apenas livramento da condenação do Inferno. Ela abarca todos os atos e processos redentores e transformadores da parte de Deus para com o homem e o mundo através de Jesus, o Redentor, nesta vida e na outra.

Salvação é o resultado da redenção efetuada por Jesus. Redenção foi o meio que Deus proveu para livrar o homem dos seus pecados. Salvação é o usufruto desse Livramento. No sentido comum e limitado, Salvação significa a obra que Deus realiza instantaneamente no pecador que a Ele se entrega, perdoando-o e regenerando-o. Porém, a Salvação tem sentido e alcance muito mais vasto. Assim considerada, significa o pleno livramento da presença do pecado e suas consequências, o que somente ocorrerá na glória celestial. Nesse sentido, a Salvação alcança também outras esferas além da humana (Cl 1: 20).

A Salvação foi planejada por Deus Pai (Ap. 13: 8 e I Pe. 1: 18-20). Deus Filho consumou-a (Jo 19: 30 e Hb 5: 9). O Espírito Santo aplica-a ao pecador (Jo 3: 5; Tt. 3: 5 e Rm. 8: 2). Tudo por graça (Ef. 2: 8).

Milhares de filhos de Deus são hoje salvos por Jesus, mas ainda não examinaram detalhadamente a sublimidade desta salvação em seus dois sentidos: objectivo e subjectivo. A Salvação que Jesus efectuou no Calvário é tão rica, profunda e grandiosa que somente na outra vida é que começamos a entender de facto o sei infinito alcance. Quando as eras futuras começarem o seu curso na glória celestial, começaremos a compreender as riquezas infinitas desta Salvação em Jesus Cristo (Ef. 2: 7; 3: 8).

Vejamos a salvação em si, do ponto de vista objectivo, considerando Deus como doador e o homem como o recipiendário. Nesse sentido, ela tem três aspectos, todos simultâneos: justificação, regeneração e santificação. Uma pessoa verdadeiramente justificada é também regenerada e santificada.

Justificação

Justificação é um termo judicial. Fala de quebra da Lei (I Jo. 3: 4). Ele é o acto de transformação ou mudança de estado do pecador, perante Deus, operada por Ele mesmo. A justificação tem carácter exterior. Deus é o juiz, Cristo é o advogado e o homem, o réu. A transgressão da Lei de Deus é o pecado cometido.

O resultado da justificação na vida do novo crente é a mudança de posição perante Deus. De condenado que era, o homem passa a justificado. Na justificação, o homem entra em boas relações com Deus quanto às suas leis, pois Ele é justo (Rm. 5: 1; 8: 1-4). A justificação é um acto divino fora do indivíduo, enquanto a regeneração ocorre no interior da criatura.

É muito maravilhoso o modo como Deus providenciou e efectua a nossa justificação. A justiça de Cristo é creditada à nossa conta espiritual (Rm. 3: 24-28). Romanos trata desse assunto de modo completo e majestoso.

((Para a nossa justificação: a) Deus, em sua graça, colocou Seu Filho em meu lugar, e, na cruz, transferiu minhas culpas e crimes para ele; b) Jesus morreu voluntariamente por mim; c) Eu preciso aceitar, por fé, este único método divino de justificação do ímpio (Rm. 4: 5), confessando a Jesus como meu Salvador (Rm. 10: 9).

Assim, sem ultrajar sua perfeita justiça, Deus justifica o ímpio (aparentemente um absurdo), substituindo o culpado pelo inocente (Cristo), transferindo minhas culpas para Ele. Deste modo, Deus proveu a justificação para mim e para ti, mediante substituição e transferência, tudo por Cristo. Legalmente, não deveria haver misericórdia para com o culpado. Deveria ele ser punido. Porém, em virtude do sacrifício de Cristo, Deus, o Justo Juiz, faz justiça, perdoando o penitente que a Ele vem com fé. Assim, essa justificação por Jesus só é efetivada na vida do pecador que o aceitar como seu Salvador. Somente aceitando Jesus o pecador entra no plano divino para Sua Salvação.

Vê-se, assim, que, no sentido bíblico, justificar é mais do que perdoar. O perdão remove a condenação do pecado, e a justificação nos declara justos. Um juiz terreno ou chefe de Estado pode perdoar um criminoso, mas não pode colocá-lo nunca em posição igual à daquele que nunca transgrediu a lei. Mas o nosso Deus pode e faz isso. Deus tanto perdoa o pecador, como o justifica. Isto é, trata-o como se nunca tivesse pecado! Aleluia ao Trino Deus! E tal facto ocorre no momento em que o pecador arrependido aceita Jesus como seu Salvador pessoal. Aqui no mundo, um criminoso nunca mais receberá a consideração de justo por parte dos seus semelhantes, mas Deus declara justo o pecador que Ele justificar. Sim! “Justificado!” – é o veredicto divino. Quem pode agora nos condenar se é Deus quem nos justifica? (Rm. 8: 33-34). Aleluia!

Como é possível um Deus justo justificar um ímpio? (Rm. 4: 5). Já tentamos explicar: substituindo o culpado pelo inocente, o pecador pelo justo, e transferindo a culpa de um para o outro. Foi o que aconteceu no Calvário. Não foram os soldados romanos que levaram Jesus ao Calvário e o ocasionou sua morte, mas os meus e os teus pecados. Sua vida não foi tomada. Ele a deu como sacrifício para nos redimir.

É evidente que justificar é mais do que perdoar. Pela justificação o crente é declarado justo. A origem da justificação é a graça de Deus (Rm. 3: 24 e Tt. 3: 7). A base da justificação é o sangue de Jesus (Rm. 5: 9). O meio da justificação é a fé que vem por Jesus (Rm. 3: 28; 5: 1).
Regeneração

Regeneração é um termo relacionado à família. Tem a ver com a nossa inclusão na família divina. É o ato interior operando na alma, pelo Espírito Santo. É a nova vida em Cristo, o novo nascimento. Sendo regenerado pelo Espírito Santo, o crente é filho de Deus. O lado externo da regeneração é a conversão, isto é, aquilo que o mundo vê ou percebe. Conversão é a mudança externa da pessoa, seu procedimento resultante da regeneração, a qual é a mudança interna na alma. A regeneração é a causa a conversão o efeito. Há um sentido em que a conversão não é total /Mt. 18: 3; Lc. 22: 32; Tg. 5: 19).

O que ocasiona a regeneração não é a justificação, mas a comunicação da vida de Cristo. A justificação é imputada; a regeneração é comunicada. Justificação tem a ver com o pecado; regeneração, com a natureza. Justificação é algo feito a nosso favor; regeneração é algo operado em nós.

O resultado da regeneração é a mudança de condição – de servo do pecado e do Diabo para filho de Deus (Jo. 1: 12, 13; 3: 3; Tt. 3: 5). Pela regeneração o crente é declarado filho de Deus.

Salvação no Velho Testamento


O consenso prevalente entre sábios religiosos parece ser que há uma divisão intransponível entre Judaísmo e Cristianismo. Por certo há diferenças definidas na prática dos dois sistemas religiosos, mas elas têm um número significativo de características comuns. Os cristãos adoram o Messias que era um judeu praticante durante Sua vida. Todos os autores do Novo Testamento, com uma exceção, eram judeus praticantes. O Antigo Testamento, que os cristãos reverenciam como a Palavra de Deus escriturada, é um escrito distintamente judeu. Se este é o caso e Deus, Jeová, nunca muda então o plano de salvação, restabelecendo a amizade entre pessoas pecadoras e Deus, deveria ser o mesmo.

Este plano de salvação foi formulado mesmo antes da criação do universo material (1 Pedro 1:20. “O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós;”). Enquanto a manifestação não foi dada àqueles do tempo do Antigo Testamento, o princípio, significado e eficácia do plano de salvação foram claramente conhecidos. Como Paulo escreveu em 1Coríntios 10:11 “Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos.” Enquanto os exemplos mencionados são manifestações da ira de Deus sobre Israel quando eles desobedeceram ou se perderam de Deus, o remédio, um sacrifício de sangue, foi experimentado no altar (1Co 10:18). Claro que no Antigo Testamento só uma pessoa, o alto sacerdote, tinha permissão de acesso à Arca da Aliança e então apenas uma vez ao ano, durante o Yom Kippur (o Dia do Perdão). Isto levaria alguém a acreditar que aqueles fora da classe sacerdotal não entenderiam completamente o que estaria ocorrendo durante este sacrifício. Porém, está razoavelmente claro pelas Escrituras do Antigo Testamento que bastante foi entendido sobre o caráter e a natureza de Deus, para conhecer Sua atitude sobre o pecado e os requisitos para remediar a separação que o pecado impôs entre o pecador e Deus. Mesmo antes do estabelecimento da nação israelense, a necessidade do sacrifício de sangue foi entendida. A oferta de Abel das “primícias” do seu rebanho atende a essa estipulação. Isto está claramente implicado, se não especificamente afirmado, no Novo Testamento. Em João 5:39. Lemos: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam;” O testemunho era mais que somente a vinda do Messias. Ela incluía Sua morte sacrificial. Em Lucas 24:27. Afirma-se: “E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.” Já que a afirmativa inclui todas as escrituras, ela também deve incluir o sacrifício do Cordeiro de Deus. Novamente Lucas afirma em Atos 17:11. Referindo-se aos crentes Bereanos: “Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.” Para Paulo, as “coisas” sempre incluíam a morte, sepultamento e ressurreição do Messias.

Há mais de cinqüenta referências às “escrituras” no Novo Testamento. Já que esses escritos não estão se referindo a si mesmos, eles devem estar se referindo ao Antigo Testamento. A única exceção a isso é 2PEDRO 3:15-16. “15 E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; 16 Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição.” O restante das referências do Novo Testamento às “escrituras” se refere ao texto hebraico do Antigo Testamento.

O seguinte exame das Escrituras do Antigo Testamento ilustrará o plano de salvação, como lá registrado, àqueles que só se familiarizam com as Escrituras do Novo Testamento e também àqueles que só usam as Escrituras no Antigo Testamento.

A primeira coisa que deve ser entendida ao se considerar o plano de salvação é o relacionamento entre humanos e o infinito e soberano Deus. Em Salmos, 11:7. Lemos: “Porque o SENHOR é justo, e ama a justiça; o seu rosto olha para os retos.” Devemos acrescentar “apenas” o reto contemplará Sua face. Quem pode afirmar ser “justo” e “reto”? Considere o que o profeta Isaías disse no capítulo 64:6. “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades como um vento nos arrebata.” Nos arrebatam de que? Da presença e da amizade de Deus. Mesmo aquelas coisas que nos parecem obras “boas” ou “justas”, não podem nos trazer Sua presença Ezequiel 33:12b continua com a admoestação que “...: A justiça do justo não o livrará no dia da sua transgressão; e quanto à impiedade do ímpio, não cairá por ela, no dia em que se converter da sua impiedade; nem o justo poderá viver pela sua justiça no dia em que pecar.” O contexto sugere que não podemos “construir, empilhar” boas obras que sejam suficientes para agradar a Deus, quando ignoramos ou descumprimos Suas ordenanças morais.

Se confiarmos em boas obras para agradar a Deus, estamos de fato com problemas! Poderíamos ser reduzidos ao ponto do desespero? Não há modo de agradar a Deus? Como podemos ser declarados justos aos olhos de Deus? Devemos ter uma justiça que Ele veja como justiça. Duas coisas são requeridas para essa justiça: fé de nossa parte e o perdão da parte de Deus. Primeira fé ou crença no que Deus pode fazer fez e fará Gêneses 15:6 afirma muito claramente como isto afeta a Deus. “E creu ele [Abraão] no SENHOR, e (Este) imputou-lhe isto por justiça.” Este pensamento continuou em Habacuque 2:4b. “... mas o justo pela sua fé viverá.” Este é um padrão abrangente, geral para todo o tempo, aplicável até mesmo hoje.

O que é esta fé? Isaias dá a resposta no capítulo 26:3: “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti.” Fé é confiança, confiança nas ações e desejos do SENHOR. Muita gente declararia que têm “fé”, mas quando pressionados a explicar “fé” no que, comumente caem em suas próprias obras, crenças e ações. Segundo Isaías isto distorce a fé. Nossa fé não pode, de fato não deve estar em nós mesmos. Pareceria então que a questão básica na salvação é a redenção ou perdão. Se não há modo de nós obtermos isso, o que deve acontecer então?

O custo da salvação é muito alto para o homem comprar de si mesmo. O salmista escreveu em Salmo 49:8-9 “8 (Pois a redenção da sua alma é caríssima, e cessará para sempre), 9...” Esses poderiam ser versos de desespero, mas há esperança, como o verso 15 afirma: “Mas Deus remirá a minha alma do poder da sepultura, pois me receberá. (Selá.)” Deus o fará! Deus dará perdão por nossos pecados! O objeto de nossa fé está em Deus e Seu plano redentor. É claramente visto que este plano não foi oculto no Antigo Testamento, na Páscoa (aspergiu-se o sangue do cordeiro), o Dia do Perdão, quando o pecado do povo é confessado sobre um animal puro e então esse animal é morto. Deus declara em Levítico 17:11; “Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma.” Um curioso intercâmbio ocorre quando a vida inocente do animal foi transferida às pessoas e as vidas impuras das pessoas foram transferidas ao animal. Isto é conhecido como princípio da “vida intercambiada”. Isto era necessário por causa da justiça de Deus e o senso de retidão. Segundo Ezequiel 18:4; “Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá.” Não é apenas uma questão factual que Deus escolheria aceitar uma substituição para morrer em nosso lugar, mas também uma questão de fé. O sacrifício feito em nosso benefício faria com que detestássemos nosso pecado e tivéssemos corações cheios de arrependimento. Esta atitude é necessária para satisfazer a Deus. Tanto quanto muitos de nós Salmo 51:18-19, lemos “18 Faze o bem a Sião, segundo a tua boa vontade; edifica os muros de Jerusalém. 19 Então te agradarás dos sacrifícios de justiça, dos holocaustos e das ofertas queimadas; então se oferecerão novilhos sobre o teu altar.”

Já que Deus é imutável, Seu método de redenção nunca muda. Os crentes de hoje são redimidos através exatamente do mesmo sistema que foi dado em Israel no passado, um sacrifício substitutivo de sangue, usando o princípio de vida intercambiada. O sistema atual é mais conhecido pelos versos selecionados em Isaías 53:4-12 “¶ Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. 5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. 6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. 7 Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca. 8 Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi atingido. 9 E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte; ainda que nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca. 10 ¶ Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do SENHOR prosperará na sua mão. 11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniqüidades deles levará sobre si. 12 Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores.” ” Essas referências são sobre o Messias de Israel que trocou Sua vida pelas deles Quem é esse Messias? Como Se parece? Quais são Suas credenciais para ser um sacrifício aceitável? Miquéias 5:2. dá uma resposta, “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas “Saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” (ênfase minha). Os “antigos dias” são do passado eterno, sem início, e a referência é à própria Deidade. Já que o sacrifício tinha que ser sem mancha ou defeito, isto é, perfeito, em relação às ordenanças de Deus, só o próprio Deus seria suficiente.

No Novo Testamento, Paulo, um judeu completamente versado nas escrituras do Antigo Testamento, sumarizou todo o sistema em um só versículo. Em 2Coríntios 5:21. Ele escreveu “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” Cristãos e povo judeu, as tribos dispersas de Israel, não deveriam ver o plano de salvação de dois modos distintos e separados. Israel deveria olhar à frente [para o futuro], pela fé, para o Messias vindo, como sacrifício; e os cristãos deveriam olhar para trás [para o passado], pela fé, para a acabada obra redentora do Messias. O fato único é claro. O Messias de Deus, o próprio Deus, veio para a terra para trocar Sua vida por cada um de nós. Precisamos apenas colocar nossa fé nEle para garantir o perdão de Deus para nosso pecado.

(Romanos 1:16b. “... o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.” não foi escrito para colocar uma parede entre os judeus e gentios. Ele só distinguiu a seqüência em que Deus escolheu revelar Seu plano de salvação. Hoje Jeová aceita judeus e gentios à base de sua fé na morte e na ressurreição de Seu Messias como um sacrifício substitutivo, adequado para pagar completamente a pena devida por nosso pecado.



SANTIFICAÇÃO DE ACORDO COM A BÍBLIA


SANTIFICAÇÃO As palavras "santificar", "sagrado" e "santo" são traduções da mesma palavra grega. Elas significam estar separado para um serviço especial. Na Bíblia muitas coisas além de pessoas são apresentadas como santificadas –- os móveis do Tabernáculo (Ex. 40:10, 11,13); uma montanha (Ex. 19:23); comida (1 Ti. 4:5). Torna-se até possível para um crente santificar a Deus no seu coração (1 Pe. 3:15). Portanto, santificar, ou tornar sagrado, não significa purificar ou tornar sem pecado, mas separar alguma coisa para Deus e o serviço a Deus.

Em relação ao Cristão, santificação ou santidade significa estar separado do pecado e para Deus. Existem três aspectos distintamente diferentes desta santificação: passado, presente e futuro. Todo Cristão está autorizado a falar, "fui santificado; estou sendo santificado; ainda serei santificado."

SANTIFICAÇÃO PASSADA significa que o crente já foi posicionalmente separado em Cristo (At. 20:32; 1 Co. 1:2; 1:30; 6:9-11; He. 10:10, 14). No novo nascimento, cada crente está sendo eternamente santificado em Cristo, é retirado do poder do diabo para dentro da família de Deus (Jo. 1:14; Ga. 4:4-6), do reino do diabo para dentro do reino de Cristo (Col. 1:12, 13); da velha criação para a nova criação (2 Co. 5:17). Esta santificação é uma realidade eterna e está baseado numa nova posição spiritual que o Cristão tem em Jesus Cristo. Os crentes de Corinto não estavam sem pecado, e apesar disso foram chamados de santos e foi escrito que foram santificados (1 Co. 1:2, 30). Neste sentido, o Cristão pode dizer, "ESTOU santificado em Cristo.”.

SANTIFICAÇÃO PRESENTE (ATUAL) indica o processo pelo qual o Espírito Santo gradualmente muda a vida do crente para dar vitória sobre o pecado. Esta é a santificação prática. Trata-se do crescimento cristão, deixando o pecado do lado e vestindo dedicação a Deus (Ro. 6:19, 22; 1 Th. 4:3, 4; 1 Pe. 1:14-16). [Nota do tradutor: A palavra inglesa “godliness” aparentemente não tem tradução própria em português. Ela significa algo parecido como “ser semelhante, ser um reflexo de Deus”. O dicionário somente indica “piedade, dedicação a Deus”.] Este processo atual de santificação nunca acaba nesta vida (1 Jo. 1:8-10). O Cristão precisa resistir ao pecado até ser levado deste mundo através da morte ou na volta de Cristo. Neste sentido, o Cristão pode dizer, "ESTOU SENDO santificado pelo poder de Deus."

SANTIFICAÇÃO FUTURA é a perfeição que o crente vai desfrutar na ressurreição (1 Tes. 5:23). Na vinda de Cristo, cada crente receberá um corpo novo que estará sem pecado. O Cristão não terá mais de resistir ao pecado ou de crescer para a perfeição. Sua santificação estará completa. Ele estará inteira e eternamente separado do pecado e para Deus. Neste sentido, o Cristão ESTARÁ santificado na volta de Cristo.


Precisamos tomar cuidado para não confundir estes aspectos diferentes da santificação ou santidade.

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